sexta-feira, 17 de agosto de 2007

No compasso do samba no meu coração...

Salve Salve!

Depois de um bom periodo de criste criativa, volto a postar minhas escritas.
A poesia que se segue resulta de uma reflexão bem... musical, digamos, acerca dos acontecimentos das nossas vidas. Tomando por linha de pensamento o fato de que ocorra o que ocorrer... sempre restará algo de bom proveito.
Escutando a mais pura bossa de Vinicius e Tom e divagando em meu leito cheguei ao que chamei de:


Compasso


No compasso do samba no meu coração
Me perdi em muitos passos
Como quando no meio da multidão
Me faltava espaço

No compasso do samba no meu coração
Várias músicas cantei, desafinado eu sei
A emoção de quando tocava a antiga canção 
Que coro fazia com os velhos retratos de pessoas que amei

No compasso do samba no meu coração
Perdi a música e a poesia
E com as notas chorosas no violão
No fim da festa, não mais o eu-lírico existia

No compasso do samba, do frevo e da bossa
Do xote, do blues e da valsa.
Do tango, do Jazz, do Rock
Do Axé, do brega e do pop
Perdi o tempo e a rima
Perdi a inspiração
Perdi a vergonha
Perdi...
Foi então que perdi o medo
E me restou um poema de perdas.


Rodrigo Rabello

quinta-feira, 12 de abril de 2007

Lirismo pré-fabricado

Sabe aquelas crises de humor? Aquela revolta que desperta dentro de nós de uma hora pra outra? Vontade de fazer tudo e nada ao mesmo tempo? Aquela agonia que insiste em ficar nos perfurando lentamente como se fosse um ato pensado, sádico, da nossa mente para com nós mesmos?
Entende?
É isso que acontece nos mais diferentes momentos das nossas vidas.
Acredito que o conformismo explode em nossa cabeça e buscamos mais do que nunca uma explicação racional para nossas dúvidas.
E o pior é que encontramos.

Essa pequena nota é uma introdução para a poesia que segue abaixo. Em uma dessas crises eu a escrevi. Um estilo totalmente diferente do que costumava escrever. Forte. Politíco. Crítico. Desapegado de sentimentalismo.
Acho que ficou legal.


Nova Poesia Velha (ou velha poesia nova?)


Eu confio, cidadão.

Confio em mim, não em você.

Confio no que sou capaz de fazer

Acredito que posso mudar

O mundo

O outro

O ponto de vista

A opinião

Acredito no impacto do olhar

no do som rasgado da voz

Dono da razão

Sim ou não?

Talvez

Fazer o que?

Grito, brigo, reclamo...

Vejo no que dá

Burguês mimado

Fruto do pensamento porco de um chiqueiro-mundo

Poeta de lirismo pré-fabricado

Vanguarda de brechó

Mas acima de tudo

Humano

De forma tal, que o militante não é

Acredite se quiser

Faço, não falo.

Abandonei o discurso

Minhas ideologias vão além da fábrica de pensamentos

E agora?

Sou o José de Drummond

Que zomba dos outros

Que faz versos

Que ama, protesta?



Rodrigo Rabello

sábado, 24 de março de 2007

Relato

Noite fria. Vestido com meu casaco de lã e enrolado em meu cobertor preferido (desde a aurora da minha infância), penso.
Imerso na nostalgia melancólica das lembranças. Que lembranças? Não sei. Apenas poetizo.
Procuro vagamente alguma ideia para que eu possa escrever algo de proveitoso. Nada me bate.
Entre os textos já escritos me vem um breve poema, escrito como que em uma brincadeira. Simples, sutil, melífluo, suave.
Tento lembrar do momento em que o escrevi. Tento entendê-lo. Nada. Coisa de doido.
Sei que escrevi. É o que vale.

Relato

Sinto saudades do futuro
e do passado, inexistente.

[se complica o expoente...
... exitante ao pensar]

Mas, se num breve raio consciente
Algum dia fui coerente
Não deixei de te amar.

Rodrigo Rabello

sexta-feira, 23 de março de 2007

Aqui jaz o vento noroeste

Algum tempo atrás criei o meu primeiro blog que denominei "O Vento Noroeste", uma homenagem ao Vinícius de Moraes em crônica homônima. Foi eterno enquanto durou, em suas 3 únicas postagens.
Nosso relacionamento? Foi intenso. Foi vivido. Foi aproveitado. Dormi e joguei fora. Acabou.

Alguma espécie de bloqueio me fez parar de escrever. Abusei. Não tinha mais tesão.
Por melhor que fosse ter um blog, pensava que aquilo não era pra mim. Pensava não ser coisa de macho, sabe? Meus amigos nem sonhavam com a existência de um blog meu, com singelas 3 poesias minhas. Pensava não saber escrever. Pensava não ter idéias.
Pensava.
E foi aí que perdi o fio da meada. Pensei demais em não pensar em nada.
Mas nada não. Do nada retorno aos poucos, despertando em meu momento.


UNS DIAS


Me escondo em um canto
Canto
Sozinho em meu recanto
Me encanto
Com o passar do tempo
Lento
Fico leve como o vento
Sentimento
Tão logo encontro quem tanto
Procurava em meu canto
E, como milagre, docemente...
...Esvazia minha mente
Meu corpo nada sente
Quente
Envolvente
Ardente
...
Cai a lágrima
Sufoca-se o grito
...
Então, vem o sorriso
Da imagem homogênea
Que se vai e aqui me deixa
Leve como o vento
Lento
Despertando em meu momento

Rodrigo Rabello