quinta-feira, 12 de abril de 2007

Lirismo pré-fabricado

Sabe aquelas crises de humor? Aquela revolta que desperta dentro de nós de uma hora pra outra? Vontade de fazer tudo e nada ao mesmo tempo? Aquela agonia que insiste em ficar nos perfurando lentamente como se fosse um ato pensado, sádico, da nossa mente para com nós mesmos?
Entende?
É isso que acontece nos mais diferentes momentos das nossas vidas.
Acredito que o conformismo explode em nossa cabeça e buscamos mais do que nunca uma explicação racional para nossas dúvidas.
E o pior é que encontramos.

Essa pequena nota é uma introdução para a poesia que segue abaixo. Em uma dessas crises eu a escrevi. Um estilo totalmente diferente do que costumava escrever. Forte. Politíco. Crítico. Desapegado de sentimentalismo.
Acho que ficou legal.


Nova Poesia Velha (ou velha poesia nova?)


Eu confio, cidadão.

Confio em mim, não em você.

Confio no que sou capaz de fazer

Acredito que posso mudar

O mundo

O outro

O ponto de vista

A opinião

Acredito no impacto do olhar

no do som rasgado da voz

Dono da razão

Sim ou não?

Talvez

Fazer o que?

Grito, brigo, reclamo...

Vejo no que dá

Burguês mimado

Fruto do pensamento porco de um chiqueiro-mundo

Poeta de lirismo pré-fabricado

Vanguarda de brechó

Mas acima de tudo

Humano

De forma tal, que o militante não é

Acredite se quiser

Faço, não falo.

Abandonei o discurso

Minhas ideologias vão além da fábrica de pensamentos

E agora?

Sou o José de Drummond

Que zomba dos outros

Que faz versos

Que ama, protesta?



Rodrigo Rabello